quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A mais linda história da minha vida

Falso alarme:
Na madrugada do dia 5, por volta das 05:30, achei que estava já na hora de ir para a maternidade. Tinha contrações espaçadas por menos de 10 minutos. Cheguei lá, ligaram-me ao CTG, tinha 1 dedo de dilatação e afinal as contrações não eram regulares. Às 10:30 da manhã mandaram-me embora. Era melhor estar em casa à espera que no hospital. Fui dormir, comer e depois ver uns filmes que tinha alugado, verdade que não vi grande coisa, pois entre suspiros de desconforto e calores, vinham as contrações. O papá da Rita disse-me que por volta das oito da noite saía de Lisboa.

A hora:
Fui para a cama porque não valia a pena estar a stressar na sala, e se pudesse ainda dormia. Às 10 da noite, já as contrações eram mais proximas. Levantei-me, tomei banho e vesti-me, acordei a minha mãe e disse-lhe que estava na hora. Entre a porta de casa e a porta do carro tive três contrações (estava na hora). Um vizinho que chegava a casa ao ver-me sentada no muro do canteiro foi logo ajudar a minha mãe a tirar o carro do estacionamento fazendo parar o trânsito para que eu não tivesse que esperar, é que realmente já tinha contrações de 3 em três minutos e essa era a minha janela para entrar no carro.
Assim que cheguei ao Hospital do Barlavento Algarvio entrei logo, passei pela triagem a correr entre respirações e contrações e lá fui de cadeirinha para a maternidade. Fui observada e concluiram que tinha três dedos de dilatação, segui para a sala de partos. Como só tinha direito a mandar subir uma pessoa, a minha mãe foi para casa e fiquei à espera que o papá chegasse. Perguntaram-me se queria epidural, e eu... disse que sim- sim, por favor. As contrações já eram fortes e pensar poderia ficar sem dores era muito animador. Assinei o termo de responsabilidade e fiquei à espera que o anestesista chegasse.
Fiquei sózinha a soro na sala de partos, foi bom, não tive de falar com ninguem, fui fazendo respirações, aguentando as contrações e não gastei energias com conversas. As contrações eram anunciadas pelo aumento do ritmo cardiaco da bebé, virei a máquina de CTG para fora do meu campo de visão. Eu sabia que ia ter contrações, lidaria com elas quando chegassem, não havia necessidade de se fazerem anunciar porque aumentava o meu stress. O anestesista não chegava e eu estava a ficar preocupada. As dores aumentavam e, cada vez mais, tornava-se difícil não perder a compustura. Foi a única vez que toquei à campainha. -Olhe, desculpe, e o anestesista??- Já foi chamado, assim que puder ele vem.
Resignada com a minha sorte lá continuo com as ditas respirações. Por volta da meia-noite e meia chega finalmente o papá. A felicidade!!!!
Prontamente expliquei-lhe como fazer massagens nos rins para me ajudar a suportar as dores, é que as contrações eram agora violentas e apanhavam-me toda a zona da cintura e pernas, aí o pobre esfregava energicamente as minhas costas e eu abanava a mão e apontava para os rins pedindo assim que ele esfregasse com mais ou menos intensidade.
E assim fui fazendo o meu trabalho de parto, esperando pelo dito anestesista e sem um ai de queixume. As dores eram, de facto, violentas. Já era visitada pelas enfermeiras que mais tarde me assistiram, que vinham ver se eu ainda não tinha partido a sala de partos. A medo referi de novo o anestesista usando como desculpa o facto de que tinha medo de gritar, porque assim que abrisse a goela, não sei se conseguiria voltar a fechá-la. Aí, talvez por pena de mim, deram-me oxitosina no soro e saíram, assim que voltaram já eu estava com respirações rápidas. Fui repreendida - então?? que respiração é essa??- É.. puff puff, respiração de quem, puff puff, quer fazer força, mas que não sabe se pode, puff puff - Não quer nada fazer força, mesmo agora lhe demos o soro, faça lá as respirações pausadas- (ai o raio) puff puff , não, eu QUERO fazer força - ora deixa cá ver isso, ahhh pois quer sim senhores!!!- e lá vai ela confirmar a dilatação, ao que eu dizia desesperada- saia daí querida, saia que eu vou fazer força. Algures no meio de tudo isto a parteira rebentou-me o saco amniotico.
Foi chamar o médico, esse, contráriamente ao anestesista, apareceu logo. E começou assim a minha última fase. O alivio de poder fazer força foi enorme, as dores ficaram logo para segundo plano e fiz força como nunca pensei fazer. Pedi ao pobre pai que me ajudasse a levantar a cabeça para agarrar a cama e fazer força. E lá ia fazendo o que aprendi no curso pré parto, pensei que me fosse esquecer de tudo com as dores, mas não, vali-me do que aprendi para minimizar o sofrimento. Nesta altura do campeonato médico e a parteira olharam um para o outro e concluiram que era melhor fazer uma episiotomia, eu prontamente disse -cortem!!!!
Ia eu fazer força, pedi para o papá me levantar a cabeça e eles aproveitaram e cortaram, ora o pobre estava a olhar à espera de ver a filha a chegar e depara-se com uma cortadela, aí disse de mansinho- vou apanhar ar. Vi-o sair e vi também o anestesista à porta da minha sala de partos, não vou escrever o que pensei porque não foi um pensamento bonito. Agora já tinha pasasado o pior.
Saíu o pai por uma porta e saíu a filha por outra! Era dia 6 de Dezembro, 02:03 da manhã.
Senti-a passar cá para fora, não vou esqueçer-me nunca. Estava abismada, que linda bebé, já veio a chorar e era o meu primeiro contacto com a nossa filhinha.
O pai voltou para dentro já com cores nas faces.
Foi posta em cima de mim a chorar, fizeram a recolha das células estaminais e eu olhava embevecida para ela e para o papá. Ficámos a olhar para ela e diga-se, é um momento mágico, estranho, mas mágico. Ora estava eu a fazer força e no momento seguinte era mãe!!!
Levaram-na para a secar e eu lá fiquei como um franguinho, ainda com a placenta por sair e à espera de ser cozida. A parteira ia dando os pontos e eu reclamava que estava doida para juntar os joelhos, que me parecia que ela estava a fazer ponto cruz, e que estava doida para sair dali. O Apgar da Rita foi 10 e tinha 3,290 Kgs. Suspirei de alivio e continuei a ser suturada. Quando finalmente acabou aquele calvário de corte e costura juntei os joelhos com dificuldade e fui para o recobro a tremer de tanto esforço. Dei de mamar à minha bebé com o papá ao pé de nós todo babado e desde esse momento que, todos os dias, nos apaixonamos mais um pouco pela nossa maravilhosa filha.

O Hotel:
Fiquei três dias no CHBA. Só tenho coisas boas a dizer. É um hospital amigo dos bebés. Fiz o trabalho de parto com som da RFM, ajuda muito. Tem um "Cantinho da amanentação" para que possamos colocar dúvidas, as enfermeiras são muito prestáveis e lá aprendi com elas a fazer as massagens para as cólicas, ajudaram-me com a amamentação porque a Rita não queria saber do meu peito esquerdo, sempre que pedia ajuda, elas vinham dar o seu melhor. Os quartos da maternidade têm três camas e uma casa de banho, têm luz natural e de noite uma luz de presença. A comida... OK! É um hospital, mas de resto, não podia ter ficado mais satisfeita.

Conselhos:
Façam as respirações, não diminui o sofrimento, mas ajuda na concentração e enquanto estamos a controlar as respirações não estamos a divagar sobre a dor.
Não gritem, não ajuda em nada, perde-se o controlo e gastam-se forças preciosas.
Mantenham o bom humor e vão brincando com as parteiras, rir alivia o sofrimento. (olhem amigas, depois do parto, rir, é doloroso, aproveitem antes).
Mantenham a calma. É a melhor maneira de controlar o corpo.
Amamentem, além de ser o mais saudável, é um laço muito bonito, se puderem, façam-no.
Tentem descansar antes do parto, todas as forças são necessárias.

9 comentários:

Tanita disse...

Obrigada pelas dicas!

Dunga disse...

Olá outra vez! Bem, só de ler fiquei com vontade de bater no anestesista, grrrr!!! Espero que estejas bem e, deixa.me dizer-te que, nas fotos, a tua Rita nem parecia uma bébé recém-nascida! Tão perfeitinha, tão bochechuda... Mais uma vez Parabéns, 'miga! Beijokas!

Anónimo disse...

Que lindo relato (tirando a parte do anestesista). O que importa no meio de tudo foi que conseguiste manter a calma e a boa disposição, tenho aprendido que isso é realmente mto importante para o trabalho de parto correr bem!
A Rita é de facto muito bonita :o)
Beijocas gds pra voces
Simone, Um sonho chamado Mara

Anónimo disse...

Que post delicioso!
Mais uma vez, parabéns pela Rita!
Beijinhos e bom fim-de-semana,Sofia, Pedro e Joana

Luciana Pessanha disse...

Grata por compartilhar essa experiência, querida! Graças a Deus que você e Rita estão bem.
As dicas são excelentes.
Beijo e afeto

Raquel Ribeiro disse...

A Rita é linda! Parabens mamã!

Sofia disse...

que mama corajosa!!! eu ca nao aguentei, e devo dizer que as respiracoes so me ajudaram ate um certo ponto. e importante que tenhas conseguido manter a calma, e nada a comentar quanto ao anestesista...
bjs e aproveita a filha linda.

Ana disse...

ès uma heroína! =) este relato quer dizer que já te consegues sentar?? iupi!

Posso dar uma surra ao anestesista, posso? ;-)

A... disse...

Nunca mais chega a minha vez...
Bem, primeiro ainda tenho que arranjar um pai...convém né...hihi
Deve ser uma experiência dolorosamente boa a do parto...
E ser mãe, deve ser inexplicável!
Um dia, vou ser eu...só não sei quando!
PAI PROCURA-SE!

Beijos